Arquivo Bem Paraná – Paraná Clube

Ao que parece a venda da Sociedade Anônima do Futebol do Paraná Clube para um consórcio de investidores está bem encaminhada. Na noite de ontem, 4, a proposta da venda de 90% das ações da SAF Tricolor, por 430 milhões de reais para o grupo Carpa Family Office, especializada na área de gestão de fundos e planejamento patrimonial, foi aprovada. O investimento virá nos próximos dez anos e servirá para o Tricolor da Vila revitalizar seu centro de treinamentos, remodelar suas categorias de base e realizar investimentos no futebol profissional, visando a volta para a série B do Brasileirão em quatro anos. Além do investimento, abriu-se a possibilidade da empresa que controlará a SAF paranista, adquirir também o Cianorte, abrindo assim, a possibilidade do Paraná Clube disputar a Série D do Brasileirão já em 2024, em uma jogada jurídica envolvendo o CNPJ do Leão do Vale do Ivaí.

A proposta é, de fato, uma luz no final de um longo e escuro túnel em que o Paraná Clube entrou nos últimos 20 anos, cujas gestões desastrosas e aventureiras dilapidaram seu patrimônio e o jogaram na divisão de o do Campeonato Estadual. Na situação em que se encontra o Paraná, não havia margens viáveis de sobrevivência fora da venda das ações. Contudo, apesar das boas notícias envolvendo essa possível aquisição, é preciso estar atento e forte.

Vem se criando uma ideia no futebol brasileiro que a mudança dos clubes para virarem empresas modernizaria sua gestão com impactos imediatos e investimentos voluptuosos, os transformando em times ricos do dia para a noite. A realidade, porém, tem demonstrado que a história é outra. Na série A, dos seis times que lutam contra o rebaixamento – ou que já caíram – três são SAF: Coritiba, Cruzeiro e Vasco. Esse já é um sintoma claro de que só a torra de dinheiro desenfreado sem uma gestão competente pode dar mais prejuízos do que lucros, tanto no aspecto financeiro quanto no desportivo.

O Paraná tem sofrido por décadas com gestões incapazes, algumas inclusive dignas de investigação criminal, e não pode se dar ao luxo de dar quaisquer os em falso destino. Dinheiro é sempre muito bem vindo, e no caso do Paraná esse dinheiro pode garantir que o clube saia da UTI e vá para o quarto de enfermaria. Porém, é também sensato enxergar que a diferença entre remédio e veneno está justamente na dosagem. O clube ainda terá uma Assembleia de Sócios para aprovar a venda, e pouco se sabe o que essa empresa tem de expertise na área de gestão esportiva, que a qualifique para istrar um clube com tanta tradição e história como o Paraná.

Caso a venda de fato ocorra, que o Tricolor não caia no mesmo erro de outras equipes que venderam sua SAF e se deixararam ser comandadas por empresas que não tiveram competência istrativa, e que logo em seu primeiro ano de gestão, provocaram rebaixamentos e péssimos investimentos no futebol, (vide o exemplo de Coritiba e Treecorp). Os olhos precisam estar abertos na Vila, para que a salvação de hoje, não vire mais uma hecatombe amanhã.

Dinheiro é sempre bem vindo. Mas, mais do que a alegria de recebê-lo é preciso que esteja sob mãos responsáveis, e não de aventureiros, ou de empresas que não visem um planejamento sólido. Não sei se esse é o caso da empresa interessada em comprar a SAF, confesso que não conhecia até o momento de ser revelado que era ela a interessada em intermediação feita pela Pluri Consultoria, mas, uma dose de prudência e canja não fazem mal a ninguém. Que o dinheiro venha, e com ele, uma gestão à altura da história do Paraná Clube e das expectativas de sua torcida apaixonada.

E um conselho final do Carrica, amigos da Gralha, antes de qualquer decisão, dá uma olhada no Vovô.